sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Dia de retrospectiva

   


  

  DIA  DE  RETROSPECTIVA 
  Rosemary Amabile
                         

  Hoje é teu aniversário
  mais um ano em que aprendeste,
  não importa se sorriste ou se padeceste.
  Importa apenas que passou...

  E o que passou já é pretérito
  que não deve embaraçar o teu presente.
  Não permitas também que o temor
  pelo futuro, te atormente.

  Sê apenas... neste momento,
  bom, compreensivo, sincero.
  E, se fizeres deste instante uma rotina,
  todo o resto te virá, como eu espero.

  Sê completo e autêntico,
  e consideras o instante que passa,
  como o único e oportuno
  para realizar algo, na raça.

  Sem subterfúgios te entrega.
  Não esperes elogios nem compadecimento.
  Existe sempre um Alguém que te vê.
  E tua consciência dará o reconhecimento.

  Se perderes não lamentes,
  porque a perda é o prenúncio
  de um tanto melhor a vir adiante.
  Suponha sempre uma felicidade constante.

  Se magoares alguém
  ou se alguém te ferir também,
  pede perdão... perdoa,
  porque o rancor não te fará mais feliz.

  Sorri ante tudo,
  sorri no rosto e na alma, não importa a tua idade.
  E mantém especialmente, sob qualquer conjuntura,
  em todo o tempo, a serenidade.




Querer







  QUERER  

  Rosemary Amabile  


                                      
  (Prêmio menção honrosa –
  Concurso de Poesia Universitária Cruz e Souza do Est. de S. Paulo/81)

  Queria a paz neste instante,
  a paz de uns braços,
  a paz de um peito,
  a paz de um contato
                             Um contato com você...

  Queria conversar
  sobre coisas banais que nos cercam,
  sobre coisas profundas de nós,
  queria falar sobre o que a gente gosta.
                              E eu gosto de você.

  O que eu quero, o que eu pretendo
  não é quase nada do que estou fazendo,
  muito menos para quem eu me desgasto.
  O que amo é o conhecimento,
  amo o viver intensamente,
                               Eu amo você.

  Espero uma missão mais como um milagre!
  Ah, nem tanto! Mas semelhante a arte,
  com mais jeito de humano,
  Ah, como eu desejaria mais chegada ao Divino!
                               Mais próxima de você.

  Queria livrar meu espírito
  das amarras das obrigações contratuais,
  dos horários, das regras,
  das “necessidades” que me imputaram.
                               E ficar mais com você.

  Não é só por lazer ou por prazer
  mas eu quero folgar...
  Deixar o plástico, a gasolina,
  o diploma, o contrato.
                              Ser mais eu para você.

  Não quero mais a televisão,
  as pessoas aborrecidas,
  o cartão de ponto,
  a matéria de estatística.
                             Só, eu quero você.


  Quero distância do patrão, do vigia,
  do serviço enfadonho, da chefia,
  da obrigação aborrecida,
  da nota de aplicação.
                           A dirigir-me, só você.

  Quero escrever tanto, sempre que tiver vontade,
  cantar, pintar uma imagem.
  Ler, viver nas linhas de um livro.
  Dançar numa paisagem.
                          Quero mais tempo para amar você.          

  Quero andar sem pressa, despreocupada.
  Conversar com quem realmente tiver “assunto”,
  na praça, ou só, na praia,
  num cinema, à vontade.
                          Com vontade de você.