QUERER
Rosemary Amabile
(Prêmio menção honrosa –
Concurso de Poesia Universitária Cruz e Souza do Est. de S. Paulo/81)
Concurso de Poesia Universitária Cruz e Souza do Est. de S. Paulo/81)
Queria a paz neste instante,
a paz de uns braços,
a paz de um peito,
a paz de um contato
Um contato com você...
Queria conversar
sobre coisas banais que nos cercam,
sobre coisas profundas de nós,
queria falar sobre o que a gente
gosta.
E eu gosto de
você.
O que eu quero, o que eu pretendo
não é quase nada do que estou
fazendo,
muito menos para quem eu me desgasto.
O que amo é o conhecimento,
amo o viver intensamente,
Eu amo você.
Espero uma missão mais como um milagre!
Ah, nem tanto! Mas semelhante a arte,
com mais jeito de humano,
Ah, como eu desejaria mais chegada ao Divino!
Mais
próxima de você.
Queria livrar meu espírito
das amarras das obrigações
contratuais,
dos horários, das regras,
das “necessidades” que me imputaram.
E
ficar mais com você.
Não é só por lazer ou por prazer
mas eu quero folgar...
Deixar o plástico, a gasolina,
o diploma, o contrato.
Ser mais eu para você.
Não quero mais a televisão,
as pessoas aborrecidas,
o cartão de ponto,
a matéria de estatística.
Só, eu quero você.
Quero distância do patrão, do vigia,
do serviço enfadonho, da chefia,
da obrigação aborrecida,
da nota de aplicação.
A dirigir-me, só você.
Quero escrever tanto, sempre que
tiver vontade,
cantar, pintar uma imagem.
Ler, viver nas linhas de um livro.
Dançar numa paisagem.
Quero mais tempo para
amar você.
Quero andar sem pressa,
despreocupada.
Conversar com quem realmente tiver “assunto”,
na praça, ou só, na praia,
num cinema, à vontade.
Com vontade
de você.
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