domingo, 23 de agosto de 2009

Aceito e Monja (Arcano 2 "A Sacerdotisa")






 Poetas... choram mas também maldizem!
 Quem disse que o meu ACEITO 
 é tão resignado?




     ACEITO  


 Rosemary Amabile



 Sucumbi à vontade não maior,
 não melhor do que a minha.
 Sucumbi à tua falta de vontade!
 Desisti dos motivos
 que só me levaram 
 à falta  de felicidade.



 







 Errei?
 Quem me acusar não sabe
 da honra desse amor no peito
 da grandeza desses sonhos da alma.

 Sonhos que plantaste,
 Não podes te escusar a isso!
 Por teus equívocos e desequilíbrios
 te achaste no direito 
 de sujeitar meus sentimentos.

 Erro agora por desistir?
 O quanto tem me custado tentar
 é além da medida do bom senso
 Eu o sei.

 Erraste tu pelo descaso
 à dignidade de quem tu já conhecias.
 Por saber-te covarde, fraco,
 para assumir a meta pretendida.

 Quem semeia vento, 
 colhe tempestade!
 Não terás abrigo!
 Com minha dor o profetizo!
 O Dono do Tempo cobra, 
 Saturno é duro e rígido.

 Marte é bravo guerreiro, 
 a guerra te será mestra!
 Netuno te afogará 
 no mar da tua própria aflição!
 Plutão te provará com o Hades 
 que espalhas nos corações.

 Não recuarei, 
 não volverei o olhar a Sodoma 
 ou Gomorra.
 Não me tornarei em estátua de sal.
 Tenho agudos motivos 
 para não pensar-te mais.
 Fizeste um bom trabalho
 em desmerecer tua imagem.

 Se conselho te chegar aos ouvidos
 Não faças disso mais.
 Sê homem, mantém-te 
 e cuida das tuas escolhas.
 Não se pisa 
 caminhos opostos ao mesmo passo
 sem rasgar as pernas!
 Não me prendo mais, vôo liberta,
 sacudo o pó das sandálias, 
 não levo nada...
 Nada quero julgado bom 
 ou ruim neste momento,
 o Tempo o mostrará depois...-
 Deus sabe de todos os corações.



 Mais visões, Peixes no Ascendente dá nisso...


MONJA ou Arcano II, 

“A Sacerdotisa” 

Rosemary Amabile

 











 No interior do ser,
 dentro do Templo,
 desde imemoráveis épocas 
 me tenho reclusa.
 Repetidas vezes, por vocação
 ou por imposição, me vi reclusa,
 encarcerada sem culpa.

 Vi-me à margem da vida,
 À margem dos regalos 
 e dores das mulheres.

 Não importa se desejos
 se assomam às minhas saias,
 aos meus seios 
 carentes de mãos e beijos.
 Confinada, confinada, confinada.
 Entre livros, 
 emparedada entre cortinas
 que me fecham à vista da vida lá fora
 Oh! Dor de solidão de abraços,
 solidão de murmúrios de amor,
 solidão sob lençóis frios, 
 tão lisos, ordenados.
 Oh! Paredes mudas!

 Houve um tempo, um hiato
 na vida que há tanto tempo levo,
 um homem me amou e me enlevou.
 Arrancou-me gemidos de prazer,
 e pôs um filho em meu ventre,
 que arrancou-me dos braços depois.

 Depois, por muito tempo gemi,
 de dor e rangi os dentes,
 sem quem a advogar minha causa,
 de sofrer cansei, e em vida morri.
 Desisti e continuei em solidão,
 entre paredes... portas... cortinas...





           * Este Arcano do Tarô apareceu durante a segunda  parte da Idade Média, chamado “A Papisa”, “A Abadessa”. Depois, “A Suma Sacerdotisa”, a “Grã-Sacerdotisa”, “Porta do Santuário”. Esotericamente é “A Senhora da Eternidade” e também “A Sacerdotisa da Estrela Prateada”.
          A vida dedicada aos mistérios normalmente exige reservas, privacidade, muitas vezes em algumas escolas ou organizações, privação, nem sempre escolhidas voluntaria ou permanentemente.


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