DAGYDE
Rosemary Amabile
Me pus em letras. Caminhei deosim*
Agora posso deixar-me estar aqui,
letras, tal qual Dagyde* que criei.
Vivo duas vidas,
a minha e aquela da energia dele.
Não vivo vida nenhuma.
Esperar não é vida.
Esperar é pausa, é hiato.
Vou matar a minha criação.
Assassina e vítima de mim mesma.
Poder viver em sono eterno!
Ah, se fosse!
Nem ele, nem eu vivemos do corpo.
Não se mata a criação!
Penas e alegrias vão conosco,
Transporte livre para onde formos.
Bagagem em baús, pesados,
Difíceis de arrastar.
Não criei um servo!
Criei Dagyde, capataz de meu coração!
...
* Deosim: caminhar em círculo, sentido horário.
* Dagyde: ser astral criado a partir do pensamento, do desejo de um mago, para ser incumbido de uma tarefa.
E mais uma poesia, sobre uma visão que tive, de mim mesma...
O SONHO DE VALSA
Rosemary Amabile
Eu sonhei, ou tive uma visão.
Vi-me tão bela em branco vestido
de cetim, franzidos e laços.
Negros cabelos atados em cachos,
dançantes, ao sabor dos passos.
Na valsa, descompassado, o coração.
Em rodopios em meio aos casais
no deslumbrante salão,
meus olhos fixos nos teus,
ardente, minha mão na tua.
Febril no meu dorso a tua mão.
Quisera oh música não terminasses,
quisera dançar para sempre
em teus braços.
Vivo só do encanto de te ver em festas,
meu elegante cavalheiro
misterioso, sempre em brancas vestes.
Atraente que és em porte garboso,
não convidas à dança a mais ninguém.
Pedes a mim e mais nada me dizes.
Ah! sim: - Obrigado, minha dama!
Meu coração te aguarda até a próxima
tão ansiada festa.
Tua imagem repetindo-se na retina,
teu aroma ainda na pele da minha mão.
Minha alma apaixonada te espera,
e devaneia palpitando o peito
Saudades doem
se não fossem as valsas
doces valsas, sonhos de valsas
a embalar meu coração.
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