domingo, 2 de agosto de 2009

"O Conquistador", Arcano VII e Branca




Uma poesia minha para um dos aspectos do Arcano VII - O Triunfo, ou Carro, ou      Carruagem, ou O Filho dos Poderes das Águas, ou O Senhor do Triunfo da Luz, etc. 
             
Uma visão romântica (como o sou), mas adequada, pois nada mais difícil do que        manter as rédeas do amor e da vida, quando nos lançamos em pelejas. 

A conquista do número 7 é a conquista espiritual e nos templários, para a época, figuraram como uma personificação mais que adequada.






O Conquistador

  "Arcano VII" 





Rosemary Amabile
 



 


  

   

  

  Agora te vejo tão exato 
   e verdadeiro, meu cavaleiro.
   
Não sei por onde templário andavas,
   
que acendidas disputas 

   trouxeram-te medalhas.
   
Tão furiosas, mancharam-te 

   de sangue as mãos.

  
Que contraste! Aqui estás agora 

   qual jardineiro,
  
como se de flores e perfumes 

   vivesse a tua alma.
  
Em voz serena, palavras sedutoras,
  
será cantor ou poeta 

   a declamar-me amores?

  
Distingo em teu peito galardoado
  
uma bondade rara.
  
Apontando segurança e aconchego
  
teu peito me atrai, 

   se oferece a mim!
  
E te dás assim, tu te dás a mim?...

  
Herói que és, que fiz 

   para merecer-te?
  
Sem dons ou beleza a atrair-te,
  
por que a mim vieste? 

   Pergunto-me ao espelho.
  
Que graça tenho eu 

   para enredar-te?

  
E olho-te cavalgando 

   ao meu encontro,
  
embevecida, enternecida,
  
a alma em joelhos
  
a adorar tua aguerrida imagem.
  
Altaneiro Deus da Guerra.
  
Deus da Conquista
  
nas mãos não armas, mas rosas,
  
rubras como teus lábios 

   em sorrisos desmanchados.
  
E tão doces, 

   doces olhos a fitar-me,
  
a aquecer-me, 

   a tomar-me a alma pelo olhar.

  
E quando eu te conhecer, 

   quando a paixão da tua carne
  
finalmente se fizer em mim.
  
Ah, devaneios a inebriar-me,
  
frêmitos de sangue a ferver 

   nas veias,
  
segredos do meu corpo 

   sequioso por se entregar.

  
Que farei eu quando 

   outra guerra te chamar?
  
Que rival terei nesta amante 

   que te rouba do meu leito!
  
Como viverei sem ar!
  
E mais, que mais farei 

   se teu hálito de vida ela roubar?

  
E se distante... pensamento cruel 

   te afasta!
  
jazer teu corpo inerte, 

   oh, amaro cálice de lágrimas!
  
num campo de guerra perdida,
  
de perdida em sacro-ofício a vida.

  
Como te achar? Posso eu te achar?
  
Se eu vagar por entre despojos 

   de batalha,
  
em visões de purgatório 

   a procurar teu corpo.
  
A dor como mortalha, 

   minha alma morta...

  
Ah tormento! Nem sequer 

   toquei-te as mãos!
  
Que fantasma de tragédia é esse 

   a agourar-me?
  
Pensa na paz, abandona-te 

   a paz desse homem.
  
Aceita tornar-te dele a paz.
  
Planta e ama!
  
O eterno, o infinito é agora!












   Outra? É mesmo? Essa é para minha gatinha...



BRANCA

Rosemary Amabile




 Teu olhar de um lume claro
  amarelo, fixo, me fita.
 
A pupila mais se contrai, 
  e em fino risco
 
transporta a imagem 
  para um templo de Bubastis.
  
  Hoje, vira-latas, 
  doméstica amada, 
  em busca de carinhos.
 
Ontem, deusa Bast 
  pelos egípcios venerada.
  
  Ah! minha gata papagueia 
  cheia de falas,
 
cheia de miados 
  em diferentes tons.
 
Nos enche a casa com pelos,
 
com teus cios, com tuas crias.
 
Nos diverte 
  com tua felina independência,
 
mesmo ainda... carinhosa,
 
acolhedora e leal como um cão.
 
 
  Joga, salta e rola pelo piso,
 
como num jogo de botão.
 
Curiosa, tudo quer ver,
 
e todos os cantos a considerar:
 
- Que ninho bom este será?
  
  Saberá ela que tem donos,
 
ou na verdade 
  se sente dona de nós.
 
Caça impunemente 
  em jogos de arena, predadora 
  de "brinco, e como depois".
 
Diverte-se candidamente 
  com suas desventuradas presas
 
em deseperadas 
  e frustradas fugas.
 
  Meiga, o dengo como passe,
 
conquista o colo das visitas;
 
sorrateira aninha-se 
  debaixo de nossas cobertas,
 
ostensiva põe-se sobre 
  nossos ventres,
 
aqui e ali a arrematar
  t
uas cotidianas 
  18 horas de sono.
 
Quem dorme mais que um gato?
 
E quem pode deixar de rir,
 
mesmo se ralhar e te expulsar?
 
  Queridinha te olho e pergunto
 
quanto tempo estarás conosco?
 
Quando te fores teu espírito
 
ainda conosco estará?
 
Mesmo que te levem 
  ao céu dos gatos.
 
quando leve como pena
 
um toque em minha face 
  me acordar
 
será tua pata, 
  ou teu nariz a me cheirar?
 
  Alertada por miado distante,
 
e sentindo a tua energia 
  amorosa pela casa,
 
saudosa perguntarei: 
 -Branca? Onde estás?


Comentário: A foto é da minha gata...




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